sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Observando o Shabat





Shabat Shalom!




Pintura de Marcy Silverstein

Pouca Sorte








"Planeta aziago por certo 
governava os céus quando nasci -
Almejai fama e fortuna
Só tenho ruína e desdém.

Um destino perverso segue meus passos
com incansável maldade cruel;
Vendesse eu laternas e velas,
Toda a noite o sol haveria de brilhar.

Não posso, não consigo, prosperar
Não importa o quanto tento - 
Fosse meu negócio mortalhas vender
Homem nenhum haveria de morrer."



Abraham ibn Ezra

(1092 - 1167)


Via: Rua da Judiaria - 2004



domingo, 22 de fevereiro de 2015

Oração dos marranos/cristãos-novos de Carção





“Ó meu Deus, governador!
Ouvi alto meu clamor,
Ouvi a minha oração
Que minha boca se não perca
Entregai-vos, Senhor, dela.
Não me metais em juízo
Pois tendes todo o poder.
Livrai-me da vossa ira
E tende-me de vossa mão.”








Fernanda Guimarães e António Andrade
Carção – a capital do marranismo, 2008, pp. 57-58.





quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Actividade cultural - Portugal e Espanha





Besalú
 Cidade judia 2015







Via: Red de Juderías de España




Exposição em Lisboa 
Biblioteca Nacional







Via: Biblioteca Nacional de Portugal





sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Mulher judia de Argel







Do pintor francês Eugene Delacroix - 1833
                                          




terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Judaica - Mostra de Cinema e Cultura - 2015



Lisboa - Belmonte






http://www.judaica-cinema.org/




Denunciar judaizantes era uma obrigação imposta pela Inquisição





Para se perceber o "clima" de suspeição que pairava em toda a sociedade portuguesa ainda durante o século XVII e mesmo XVIII, passo a transcrever um texto bem elucidativo sobra a matéria em questão: denúncias.


Trata-se de um texto retirado do livro "Centinella contra Judeos", de Francisco de Torregonsilho, traduzido em português por Pedro Lobo Correia e publicado em Lisboa, no ano de 1748.


Escreve o autor o seguinte:

- Não posso deixar de referir uma coisa que sucedeu a Bartolomeu Dias Ravasco, caminhando de Valladolid para Portugal.






Estava este cavalheiro em uma estalagem para se pôr a cavalo e seguir viagem a sua casa, em Portugal, quando nela entrou uma tropa a cavalo, em que vinham alguns da Flandres, entre os quais vinha um mancebo de até 26 anos, que por algumas razões que disse, entendeu o referido Bartolomeu Dias Ravasco, que caminhava a Lisboa e por trazer  companhia, lhe ofereceu cavalgadura e dinheiro, que o mancebo prometeu pagar das letras procedidas de uma cobrança, que para a tal cidade, disse que trazia, aceitando o oferecimento com alegria e gosto da dita que lhe pareceu ter achado. Partiram pois e a pouco espaço do caminho, perguntou o mancebo a Bartolomeu Dias de onde vinha e se havia muito que faltava de Portugal e se era acaso natural de Lisboa ?
Bartolomeu Dias, que em algumas palavras do moço teve suspeita de quem ele era, se fingiu, dizendo que vinha de Veneza aonde havia estado com um seu parente, por nome fulano e irmão de fulano, para cuja casa vinha agora. O moço, que ia a cavalo em o ouvindo, no mesmo instante se apeou e abraçando e beijando-lhe os pés, lhe disse:


- Pois sabei que eu venho de Livorne (Livorno), onde meus pais se acolheram fugindo da Inquisição e depois que soubemos deste novo perdão, venho ensinar nossa lei a estes ignorantes cristãos, porque só nela há salvação.


Todo o restante caminho lhe veio tratando de cerimónia da sua lei, instruindo-o em sua crença.
Dissimulou Bartolomeu Dias Ravasco até entrar em Portugal. Chegaram à cidade de Elvas e dali partiram à cidade de Évora, aonde dando conta foi o judeu preso e confessou que era natural de Castelo de Vide e se chamava Daniel Franco. E saiu castigado pela Inquisição.






Antigo Palácio da Inquisição de Évora.
Fotografia - visitevora. net






Edição realizada em Coimbra.




Torregonsilho, Frei Francisco de - "Centinella contra Judeos" posta em a Torre da Igreja de Deos, offerecida a Virgem SN, traduzido em português de Pedro Lobo Corrêa, Lisboa, officina de João Galvão, 1684.


A ingenuidade e confiança do jovem judeu português, foi traída pelo seu companheiro de viagem, o reservado e calculista cristão-velho.


Nas regiões da Beira e de Trás-os-Montes, em localidades como Felgar, Torre de Moncorvo, o povo ainda nos dias de hoje lembra as fugas para Livorno, dizendo:



"Quem vai a Livorna, vai e não torna."




Ser converso perante os olhos do Santo Ofício, era para todos os efeitos o habitual "suspeito do costume", alguém que por fora se assumia cristão, mas que por dentro era judeu de coração.



Um advogado do Santo Ofício, em Valladolid, chamado de Cellorigo, refere-se ao fenómeno do cristãos-novo em Portugal, a partir da conversão forçada em 1496/97, e analisa forma de actuação despótica e discriminatória da Inquisição em relação à questão da "pureza de sangue", não olhando a meios e punindo sem dó e sem piedade, mesmo os cristãos-novos convictos da fé católica, mesmo aqueles que desejavam seguir cargos eclesiásticos.





Fonte: "Gente da Nação além e aquém do Côa" (Judeus sefarditas)
 autoria de Adriano Vasco Rodrigues e de Maria da Assunção Carqueja