O Chanucá lembra-nos ainda hoje a firmeza do povo judeu em defender as suas tradições, numa clara oposição ao ocupante estrangeiro e os milagres ocorridos no dia.
Recorda-se o triunfo da fé e da coragem sobre o poderio militar dos selêucidas, quando um grupo de israelitas lutou pelo direito de ser judeu.
Designada como a Festa das Luzes, significa em hebraico "Dedicação ou Inauguração", tratando-se de uma festa que se prolonga por oito dias.
Vamos situar-nos um pouco para assim conhecer as origens desta festa judaica:
Corria o ano de 200 a.e.c. e os judeus viviam sob uma autonomia controlada pela dinastia selêucida da Síria, pagavam impostos mas até aquela data eram livres de praticar o seu judaísmo. Por volta de 180 a.e.c. sobe ao trono Antíoco IV, e então, tudo mudou.
Passou a existir cada vez mais restrições no campo religioso, foram também exigidos à população mais e pesados impostos e gradualmente houve uma tentativa de helenização de toda a sociedade hebraica, proibindo as práticas do judaísmo.
Emitiram-se decretos para introdução de ritos pagãos, o que originou numa primeira fase a insatisfação e posteriormente a revolta generalizada dos judeus.
No ano de 167 a.e.c. foi ordenado a colocação de um altar dedicado a Zeus no sagrado Templo e a imposição de sacrifícios de animais não kosher, e mais grave, o fim da circuncisão e a total proibição de estudar a Torá.
Foi na localidade de Modim, situada a sul de Jerusalém, que se deu finalmente a revolta dos judeus, esta foi liderada por Matatias (sacerdote da família dos Hasmoneus), acompanhado pelos seus cinco filhos: João, Simão, Eliazar, Jonatas e Judas.
Após o falecimento de Matatias, foi Judas quem encabeçou o pequeno exército na vitória contra os ocupantes selêucidas em 164 a.e.c., libertando a terra de Israel, Jerusalém e seu Templo.
Judas ficará conhecido por Judas Macabeu (O Martelo).
Em Chanucá celebra-se dois grandes milagres, a vitória indiscutível levada a cabo por um pequeno exército contra um opositor bem mais poderoso e o outro, ligado à purificação da cidade e do Beit Hamicdash. No Templo constatou-se que só havia um jarro de azeite puro com o selo intacto do Cohen Gadol (sumo sacerdote), para que as luzes do Menorah (candelabro) fossem acesas, e isso duraria apenas um dia, mas surpreendentemente durou não um dia mas oito dias, tempo mais do que suficiente para que um novo azeite puro fosse produzido e levado para o Templo.
A Judeia ficou independente até à chegada das legiões romanas, o que aconteceu em 63 a.e.c. (século I a.C.).
O mandamento principal de Chanucá é o acendimento do Chanuquiá, (candelabro de 9 braços). Os oito braços são para lembrar o milagre dos oito dias em que o Menorah ficou aceso com azeite que era para ter durado apenas um dia.
O outro braço (shamash - servente), é um braço auxiliar e serve apenas para o acendimento das restantes velas.
O Chanuquiá normalmente é aceso durante ou após o por do sol.
Na primeira noite, o shamash é aceso, uma bênção é recitada e a primeira vela é acesa. A primeira vela ocupa a extremidade direita do Chanuquiá.
As velas são posicionadas da direita para a esquerda, mas acendidas da esquerda para a direita. A primeira vela a ser acesa é sempre a última a ser colocada no Chanuquiá.
Na segunda noite, o shamash e duas outras velas são acesas, e assim continua até à oitava noite, quando todos os nove braços contêm velas acesas.
Uma sugestão para este ano, faça a sua própria chanuquiá.
Habitualmente, coloca-se o Chanuquiá aceso perto de uma janela, para ser bem visível do lado de fora.
Primeiro, acende-se o shamash e recite as seguintes bênçãos.
1. Baruch Atá Adonai, Eloheinu Melech Haolam, asher kideshanu bemitsvotav, vetsivanu lehadlic ner Chanucá.
Bendito és Tu, Adonai, nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou acender a vela de Chanucá.
2. Baruch Atá Adonai, Eloheinu Melech Haolam, sheassa nissim laavoteinu, bayamim hahem, bazman hazeh.
Bendito és Tu, Adonai, nosso D'us, Rei do Universo, que fez milagres para nossos antepassados, naqueles dias, nesta época.
Na primeira noite ou pela primeira vez, acrescenta-se:
Baruch Atá Adonai, Eloheinu Melech Haolam, shehecheyanu vekiyemanu vehiguiyanu lizman hazeh.
Bendito és Tu, Adonai, nosso D'us, Rei do Universo, que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até à presente época.
Este ano, o Chanucá bate quase simultaneamente com o Natal cristão. Não vale a pena entrar em disputas sobre as festividades, viva o seu judaísmo em pleno e se assim o entender, aproveite este dia com a família, conhecendo melhor as nossas tradições.
FELIZ CHANUCÁ!!!
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