quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Outras vítimas do Holocausto:



CIGANOS NO HOLOCAUSTO


UM OLHAR SOBRE O GENOCÍDIO DO POVO CIGANO


Crianças ciganas tocando violino numa rua de Budapeste, Hungria, 1939
Fotografia de William Vandivert


   A noite de 9 de Novembro de 1938 ficou nos anais da História, como Kristallnacht, ou “A Noite de Cristal”. Nessa noite, os nazis profanaram milhares de sinagogas, assassinaram cerca de cem judeus, e prenderam outros tantos milhares. Kristallnacht marcou o início de uma era de terror, ódio, e perseguição ao povo judeu, que os nazis classificaram como ”raça inferior”. Mais importante, Kristallnacht enviou uma mensagem ao público em geral: a violência contra os judeus era aprovada pelo Estado. 



Marzahan, o primeiro campo de concentração para ciganos na Alemanha (data incerta) – Landesarchiv Berlin

    Para os Romani (ciganos), a brutalidade policial nazi começou mais cedo. Entre 18 e 25 de Setembro de 1933, o Ministro do Interior e da Propaganda, a coberto da “Lei contra os criminosos habituais”, ordenou a prisão de ciganos por toda a Alemanha. No entanto, a acção militar mais significativa ocorreu no Verão de 1938, entre 12 e 18 de Junho, quando foi ordenada a “Semana da limpeza dos ciganos” – Zigeuneraufräumungswoche. Na Alemanha e em Áustria foi “aberta a caça” aos ciganos; presos aos milhares, foram espancados e encarcerados. 


Deportação de famílias ciganas, de Áustria para a Polónia - Setembro a Dezembro de 1939 – Dokumentationsarchiv des Oesterreichichen Widerstandes


     Entre 1933 e 1945, os ciganos, classificados pelo regime nazi como “associais” e de “raça inferior”, foram vítimas de perseguições e assassínio em massa. Muitos foram deportados para campos de concentração e de extermínio, sujeitos a trabalhos forçados, e submetidos a esterilização.


Sobreviventes ciganos durante a libertação de Bergen-Belsen, Alemanha, 1945 -
Bildarchiv Preussicher Kulturbesitz


   Após a queda do Terceiro Reich, não se conhecem esforços dos libertadores para orientar os sobreviventes ciganos. Aliás, muitos permaneceram escondidos nos campos abandonados, com medo de serem presos. O povo cigano continuou, assim, vítima de preconceitos há muito enraizados na mentalidade ocidental, tão bem “justificados” por especialistas raciais nazis que, partindo da premissa de que todos os ciganos são criminosos, pretendiam determinar cientificamente a relação da hereditariedade com a criminalidade. 



Nelly Maltseva em dança cigana romani


     Latcho Drom (“Uma Jornada Segura”) é um documentário francês, escrito e dirigido por Tony Gatlif, exibido na rubrica Un Certain Regard no Festival de Cannes de 1993. O filme, conduzido pela música, fala sobre a jornada dos ciganos, desde o Noroeste da Índia até Espanha.

     Para terminar este artigo, escolhemos dois excertos desse filme: o primeiro passado na Eslováquia, com uma sobrevivente de Auschwitz – Margita Makulová -, que canta “Aušvits – Pássaro Negro”, lembrando o isolamento e o desespero, simbolizados pela imagem de um pássaro negro, que traz consigo mensagens da Terra dos Mortos. 


“O pássaro negro entrou no meu coração e roubou-o/Aqui vivo em Aušvits, em Aušvits tenho fome/Não há um pedaço de pão para comer.
Não há nada para comer/ esta é a minha má sorte
Uma vez tive uma casa/Tenho tanta fome que podia matar. Oh, oh, Jesus, oh, oh.”



Latcho Drom - Holocausto


  O segundo, passado na Roménia, onde um grupo de músicos se reúne alegremente, para festejar a vida em liberdade depois da era de terror de Nicolae Ceausescu. 



Latcho Drom - Taraf de Haidouks


Quando os nazis levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse"
Adaptação de Martin Niemöler do poema sobre o Nazismo “E Não Sobrou Ninguém”, de Vladimir Mayakovsky




Artigo elaborado e enviado por

Sónia Craveiro


Muito obrigada pela participação J




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